segunda-feira, 5 de julho de 2010

ONDE ESTÃO OS NEGROS?

A I Semana de Consciência Negra- Onde estão os negros?, realizada entre os dias 16 e 19 de novembro, no período matutino e noturno, teve a presença de 3 escolas, a saber: E.E. Francisco Mesquita; E.E. Leonor Rendezi e E.E. Dom Miguel de Cervantes. Além de outras 2 instituições de ensino: Instituto Capão Redondo e Cursinho Educafro, somando-se ainda a participação interna das/dos estudantes da Universidade de São Paulo e da comunidade local; o que perfez, a quantia de cerca de 1.000 jovens entre 15 e 18 anos.

O evento teve como inquietação principal investigar e apresentar “Onde estão os negros?, por meio de 3 eixos estruturantes de discussão por dia, aliados à atividades culturais que traziam ludicidade a questão racial brasileira.

Na abertura, 16 de novembro de 2009, à noite, houve um debate acerca da “Democracia Racial” e como atividade tivemos um Sarau. Neste dia com a presença de acadêmico da Universidade de São Paulo, de representante de Poder Público e um cantor de rap, levantamos como debate a validade ou não, do ideário de democracia racial no Brasil, questionando, por exemplo: se há ou não oportunidades no mercado de trabalho qualificado, no sistema de ensino de qualidade, no acesso à saúde de direito, para todas/os. No Sarau, por meio de poetas locais, a questão foi trabalhada poética e musicalmente, ressaltando dificuldades e sonhos da comunidade negra, periférica - em particular.

Em 17 de novembro de 2009, tivemos uma programação integral, o dia foi reservado em torno da questão “Qual a cor da Universidade?”, pela a manhã. Contamos com presença de um militante negro da Educafro para expor os baixos índices de população negra na Universidade privada e especialmente, pública e de qualidade e debater os porquês, desta realidade. A atividade que prosseguiu o debate fora o Maracatu, expressão rítmica e de cunho religioso afro-brasileira. À tarde, tivemos a presença de um grupo de Teatro e Circo, que resgataram a arte popular e noções de africanidades em sua apresentação e debate com as/os estudantes. No período noturno, tivemos uma oficina para professoras (es) do Ensino Médio, cujo tema fora a Lei 11.645/08 (que institui a obrigatoriedade do ensino da história e Cultura Afro-Brasileira e Indígena); realizada por pesquisadora e autora de livros que auxiliam na efetiva implementação desta norma educacional.Como atividade cultural tivemos, uma oficina de Psicodrama que trabalhou a questão do racismo em nosso cotidiano.

No último dia de evento, 18 de novembro de 2009, pela manhã, a discussão foi sobre “Abordagens e representação do negro na mídia”, realizada por um acadêmico e uma atriz da TV Cultura, estes que expuseram sobre a insistência da representação negra no papel de escravos e serviçais; além dos estereótipos e preconceitos, constantemente veículados. À noite, tivemos como debate “Cidade- espaço de resistência”, em que se debatia a localização da população negra no Brasil, notadamente na periferia e as conseqüência desse fato: o racismo enfrentado, o insuficiente acesso a direitos básicos, para citar poucos exemplos. Encerramos com uma atividade de hip hop, cultura afro- americana de grande difusão no Brasil, notadamente em bairros periféricos.


A realização da “I Semana de Consciência Negra- Onde estão os negros?”, fora significativo por diversos aspectos. Aparentemente, é só um evento em comemoração ao 20 de novembro- Dia da Consciência Negra e de referência a Zumbi dos Palmares, que em si já é rico em significância e importância.

Contudo, ela no contexto em que se dá, vai além. Este acontecimento numa universidade da qual a presença negra é irrisória, contrapondo-se a comunidade (Zona Leste) que a envolve: 1.309.308 de pessoas negras (SIMDH- Sistema Intra-urbano de Monitoramento dos Direitos Humanos); efetiva o necessário e urgente diálogo entre Academia e Sociedade e principalmente, possibilita aos jovens e ao professorado o conhecimento mais diversificado sobre a questão negra, num trato mais dinâmico.

Ter a participação de estudantes, professoras (es) e o consentimento da diretoria destas escolas, neste evento fora muito gratificante: jovens diversificando a paisagem da Universidade com suas inquietações e opiniões mais do que legítimas; as/os docentes contribuindo nas discussões com suas experiências; a diretoria com apoio e oferta de idéias; enfim todas/os vocês foram fundamental na realização deste desafio.

A Comissão Organizadora da “I Semana de Consciência Negra- Onde estão os negros?”, agradece, enormemente, a contribuição e participação todas/os.

E aproveitamos a oportunidade, para o convite: “II Semana de Consciência Negra- Histórias não contadas”, de 16 a 19 de novembro de 2010.

Muito Obrigada/o.

Coletivo Malungos.

sábado, 1 de maio de 2010

Salve Malungos - Primeira Semana da Consciência Negra


A intenção de realizar o evento veio da necessidade de se discutir e notabilizar a amplitude da questão racial brasileira, que apesar de não haver escassez na produção científica acerca do assunto, esta é insuficientemente debatida pela sociedade como um todo, acarretando, assim, na perpetuação de sensos comuns depreciativos e na naturalização da problemática que envolvem a relação entre negros e brancos.
Priorizamos como público-participante do nosso evento alunos e professores de três escolas públicas de ensino médio das imediações da USP Leste (E.E. Jornalista Francisco Mesquita; E.E. Professora Leonor Rendezi e E.E. Dom Miguel Cervantes y Saavedra) que juntos somaram cerca de 1300 pessoas no decorrer de três dias de evento. A apropriação do espaço universitário por esses alunos, além de estimulá-los implicitamente a galgarem patamares educacionais maiores, serviu para depará-los com a questão racial que, infelizmente, é tratada superficialmente nas escolas, contrariando a lei 10.639 que obriga os estabelecimentos de ensino fundamental e médio, públicos e privados o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira.
Dada a relevância do papel dos educadores na aplicação dessa lei, a Primeira Semana da Consciência Negra USP Leste serviu, entre outras coisas, para sensibilizar os professores da rede pública de ensino quanto a dimensão do impacto ideológico negativo que a educação possui quando não contempla a trajetória e a diversidade cultural dos diversos povos e etnias que ajudaram compor nosso país.
Consideramos positivo o resultado dos debates, oficinas e intervenções culturais, pois começamos a germinar uma discussão que toca em feridas não cicatrizadas da nossa sociedade. Somente trazendo esse assunto para pauta cotidiana poderemos questionar e re-significar o mito da Democracia Racial vigente que apenas serve para abrandar as tensões causadas pelo racismo de uma classe dominante, naturalizando, assim, a condição social imensamente desfavorável pela qual a etnia negra vive até os dias atuais.

Nossos agradecimentos a todos e todas que nos ajudaram direta e indiretamente para construção da I Semana da Consciência Negra.

Maria de Laia - CONE
Professor José Renato Araújo - EACH
Afro X - Rapper

Professor José Carlos Vaz - EACH
Tio Pac - Cineasta
Emerson Alcalde - Poeta, Cia Extremos Atos
Rodrigo Ciriaco - Poeta da Cooperifa
James Bantu - Grupo Denegri
Trupe Arruacirco - Teatro, circo e dança.
Maracatu Cia Poto de Luanda

Professora Dilma de Melo Silva - NEINB
Ana Carolina Galvão
Robson Cupertino

Professor Dennis de Oliveira - NEINB, CELACC
Ju Colombo - Atriz, TV Cultura

Juninho - Círculo Palmarino
Ed - Grupo Pretologia (Rap)
Assis Aparecida
Casa do Hip Hop Cidade Tiradentes


AXÉ
Coletivo Malungo